e por aí vai,
porque aquilo tudo foi

uma sexta
sem fim
numa noite
nada jeans

pra dar conta da vida
a vida precisa
de um coração a mais

digestão

.
final

eu rodo

tu rodas

ele Rhodes

fotografia
sem magia
não excita

seu
cabelo
merece
um
passeio

e nesta semana as malas
foram arrumadas
pela mara.
ela vai embora
mas a saudade vai ficar
onde ela ainda mora.

purifique
para que fique
assim,
purificado

o amor não é romântico,
mora no que é verdade,
onde se tem vontade.

desamarro minha hipocrisia
e descarrego nas missas de sétimo dia

meu texto sente falta da crase
meu corpo se afoga na crise

crise

imagens superexpostas:
há quem rejeite
mas é o que meu olho gosta.

I pode
I pede
I love

alguma coisa veio pra ficar
feito de música e dança
meu corpo se abre pra alianças
e se fecha depois de a c a l m a r

imagem também é palavra
e eu nem imaginava
que só com a imagem
eu já muito falava

esse se, se assado, se cozido
fez parte de todo o passado
o certo é ser ou não ser:
resolvida a questão!

veja
dentro
veja
in

casar:
virar
casaca
de si
no sim

o meu cansaço indica
que hoje já é quinta
a cabeça não ajuda
e hoje é só segunda.

esses dias eu chorei
e esqueci de te contar
foi um choro sereno
num travesseiro nublado
e quando acordei,
já era sol lá em cima.

o pernelongo faz com a gente
o que o homem faz com o mundo
a gente expulsa o pernelongo
e o mundo expulsa todo mundo

a noite é uma criança
os postes brilham
com olhar de alegria

a vida é um pula-pula:
caiu o meu sorriso
bateu no chão e voltou.

é elétrico
e orgânico
que energia
tem o piano

tantos tons
tão logo,
talvez

de outros dedos
de outros anos
agora é dele, o Piano.

eu adoro,
pra ele,
a Dora.

pra ele eu sou a Dora, sabe lá se é alice ou de onde tirou isso
eu sou a Dora da oferenda à flauta triste, a que ele lembra
a Dora que não vai passar vergonha no balanço...
eu sou a Dora o tempo todo ou só aquela hora?

quando eu crescer eu quero ser um passarinho
pra pousar no quintal que fotografa
e ver tudo parado pra eu não bater as asas
eu quero ser um passarinho
e voar de casa em casa
encontrar todo carinho
que sinto quando é da Fátima.

Meus beijos mais carinhosos,
as verdades mais ocultas,
toda admiração como tal,
(tal como admirado deve ser)
tudo que sinto e sou
e sei que sou melhor do que antes
é porque tenho você.
Sua permanência e não passagem,
sua pele morena que me invade
sua paciência que em mim confia
seu amor que em mim deposita
é porque você me tem inteira,
das beiras até o recheio,
sem medo, sem mentiras.

sim,

uma transa,
ou trança,
ou trama,
ou drama,

qualquer coisa
qual
qualquer coisa
quer

se chama
se ama
se engana

in cor por ar
in cor por aí
in cor por lá
in cor por mim.

era uma única vez,
um pedido de dar corpo,
de ser corpo,
e do corpo por pro ar
e do corpo me fazer mim
e do corpo não ser nada
e fazer com o corpo tudo.

quem sou eu
pior se fosse duas
sou mil em uma
uma em miúdas
sou minha, sou sua

no beijo a liga do corpo
do suor ou do gozo.
um beijo no queixo
de parar o tempo.
um beijo demorado
que agora mora em mim.

ontem,
no sofá,
o dia indo
e nós lá.

re a pro xi mar:
voltar a amar
e poder dar amor

banho de madrugada
vento na escada
no quintal, pelada.

cresceu copiando o outro
querendo ser o outro
e limando o que era seu

cresceu na época errada
na política atrapalhada
e na família mascarada

firmou um rosto duvidoso
relações que duraram pouco
e uma vida que esqueceu

e vive num mundo complicado
de pessoas pra todos os lados
numa grande ilusão.

encaixa o pouco que se encontra
num colcha de ratalho torta
que lava e perde as marcas.

o final da música da onda

traz na cor da areia que ela deixa.

Eu vejo você na esquina, menina
sambando, flertando e bebendo ainda
eu vejo você me olhando e até quando
eu vou desviando de te encontrar.
Saiba menina eu te quero e te espero,
eu não vou aguentar,
por isso cuidado, Marina,
me olhe, se entregue e me abrace.
Eu sou eu e sou você.

o rio vai, o rio vem
buzina lá, quase batida cá
e eu, na mesinha,
vejo a imagem tremida
por conta da caipirinha

diálogo

sem querer
também
vale?
o negócio
é passar
mensagem.

O velho florido asmático
que não conseguia respirar
falou, comeu, bebeu, falhou.

Cristo é a bússola!
Ver a frente esquerda é sinal de Laranjeiras.

o meu quarto faz falta
de um abraço
que ninguém pode dar

a morte estampada nas olheiras
duela com os sorrisos passageiros

vou cozinhar o azar
e depois assar
até sumir
e virar ar.

Guitarrafinada.

dourado no laranja dança
mexe, se esfrega e balança
o osso macio requebra sozinho
no sábado à noite a noite sonhou
e a menina sumiu dentro do roquenrrou
e a menina sumiu dentro do roquenrrou
no sábado à noite a noite sonhou
o osso macio requebra sozinho
mexe, se esfrega e balança
dourado no laranja dança

amanhã eu sou do Rio
da curva do rio eu saio
eu raio, eu rio.

parado, xal

a
aparência é essencia
L

comer mentes em conserva
é alimentar a miséria.

à luz da lua,
em Ipanema,
ela nua e eu nela

e olhar que tanto vê cor
no natal vê o vermelho só vermelho
as luzes que não causam efeito
e o amor de mentira como presente.

por favor,

faça uma besteira pro meu pensamento não te olhar
não recite poesias com seus olhos sem que eu possa escutar,
nem ao menos me encoste no corpo magro tatuado
através das imagens que vejo de olhos fechados.

quero te ver vermelho
no certo ou no avesso
fazer meu corpo seu espelho
com curva de fumaça.

parece que ontem foi uma lembrança
minha visão nublada de vermelho
minha cabeça esfumaçada
os ossos arredondados
orgasmo dourado
nós no quarto

minha árvore de natal
tem folhas em real
agricultura do capital
e jorra neve nos olhos alheios.

minha cor preferida
é a cor colorida

se o amarelo é pele
a pele quando negra
é amarelo black

Portal da Saudade

Sábia menina
que não quer meus lábios,
minhas lágrimas,
meus abraços...
e quando penso que a vi
ela vira a esquina.

Olho no olho e sem ver
Lágrima escorrendo por sentir
Eu indo e você me vendo partir

no meu endereço
a paixão não vem visitar
perdeu o paradeiro
e não quer mais voltar.

mentira que não se acredita
passa um dia e fica esquecida

eu preciso lhe dizer que acabou
assim como o u é a última vogal.

dentro do mundo,
um mundo moinho.
no meio do moinho,
um mundo vazio.

eu vou ver de muito alto
de tão alto não vou ver o chão,
vou cheirar as núvens,
eu vou voar de avião.